As hérnias inguinais afetam um em cada quatro homens e, se não forem tratadas atempadamente, podem provocar complicações potencialmente fatais.
Ao Correio de Sintra e ao Sintra Notícias, Hugo Queimado, cirurgião geral no Hospital CUF Sintra, explica no que consistem estas lesões e as abordagens diferenciadas que permitem tratá-las com mais segurança.
O que são hérnias inguinais? É um problema comum?
As hérnias inguinais aparecem quando uma porção do intestino ou gordura do abdómen “escapa” por um ponto de fraqueza na parede muscular, provocando um alto ou saliência na região da virilha, que pode aumentar quando a pessoa faz força ou tosse, por exemplo. É um problema muito comum, principalmente nos homens. Calcula-se que um em cada quatro homens sofra de uma hérnia inguinal, ao longo da sua vida.
Como são diagnosticadas?
A maioria das hérnias é diagnosticada através do exame físico realizado pelo médico, numa consulta de rotina, e de exames complementares, como a ecografia, para confirmar o diagnóstico. Também é frequente as queixas levarem o doente ao Atendimento Permanente, sobretudo em casos mais avançados.
No caso de hérnias pequenas e sem sintomas, pode ser suficiente uma vigilância médica regular? Em que casos é recomendada a cirurgia?
A cirurgia é geralmente recomendada, mesmo em hérnias que não causam sintomas significativos, porque estas não desaparecem sozinhas e tendem a agravar, se não forem rapidamente tratadas.
Em alguns casos de hérnias pequenas e sem sintomas, em especial em doentes que sofram de outras doenças graves que aumentem o risco da cirurgia, podemos adotar uma “vigilância ativa”, com acompanhamento médico regular, e não avançar logo para a cirurgia. Mas estas situações são muito raras, pois a cirurgia da hérnia inguinal é bastante segura.
Tem havido inovações no tratamento das hérnias inguinais?
Sim, o tratamento de hérnias inguinais tem evoluído bastante, especialmente com o avanço das técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como a laparoscopia com imagem 3D e a técnica TEP (Totalmente Extraperitoneal). Especificamente, a abordagem laparoscópica, aliada à tecnologia de visão 3D, permite ao cirurgião uma melhor visibilidade e precisão, reduzindo a probabilidade de complicações. Já a técnica TEP é uma abordagem muito segura, uma vez que a prótese (rede) não entra em contacto com os órgãos, eliminando-se o risco de infeções.
No Hospital CUF Sintra, disponibilizamos aos doentes estas abordagens inovadoras, através de uma equipa de Cirurgia Geral experiente e diferenciada e de equipamentos de última geração.
Que riscos corre o doente, se uma hérnia inguinal não for detetada e tratada precocemente?
Identificar e tratar a hérnia cedo evita que cresça, tornando-se mais visível e desconfortável, e que evolua para situações de risco. Quando a hérnia cresce, pode levar a dor crónica, dificuldade em realizar atividades físicas ou limitar tarefas do dia a dia, como caminhar ou levantar peso, diminuindo a qualidade de vida. Em casos graves, pode ainda encarcerar ou estrangular, o que pode ser fatal.
É possível prevenir as hérnias?
Sim. Para as prevenir, é importante fortalecer os músculos da parede abdominal, com exercício físico adequado, evitar o esforço excessivo ao levantar objetos pesados, manter um peso saudável, fazer uma dieta rica em fibras e evitar fumar.
António Fontes Ramos tem 80 anos e reside na Beloura. É professor universitário e pratica jogging e ciclismo, diariamente. Durante um dos seus treinos diários, percebeu que algo estava mal: “comecei a sentir desconforto [na região inguinal]”, recorda. Consultou o seu médico de Medicina Geral e Familiar, no Hospital CUF Sintra, que o encaminhou para a Consulta de Hérnia da Parede Abdominal.
Após alguns exames, “descobri que tinha não uma, mas duas hérnias inguinais”, conta. O tratamento cirúrgico minimamente invasivo foi o recomendado e António aceitou: “a Dr.ª Paula Gaspar explicou-me que era um processo tecnologicamente sofisticado, que tinha muito menos riscos e a recuperação era muito mais rápida”.
Entusiasmado, conta que, no dia seguinte, “tive alta, consegui logo andar e até fui almoçar fora com a minha mulher!” Cerca de um mês depois da operação, António já voltou a correr. “Sinto-me ótimo. Estou, sinceramente, muito satisfeito”, confessa.