Quatro dias depois da passagem da depressão “Martinho”, os moradores da Rua dos Combatentes e Rua 5 de Outubro, em Vila Verde, na União das Freguesias da Terrugem e São João das Lampas, só voltaram a ter energia elétrica, em sua casa, na manhã desta segunda-feira.
Nem o caso urgente de Luís Almeida, hospitalizado em casa, sob indicação médica e vigilância dos serviços domiciliários do Hospital Amadora-Sintra, mereceu a atenção da E-Redes – Distribuição de Eletricidade. “Disseram-me que não era um caso prioritário”, desabafa com emoção o morador que em “desespero” temendo pela sua saúde, contou com a solidariedade de um vizinho, não efetado pelo corte de energia elétrica, que disponibilizou “generosamente” uma extenção eléctrica, que permitiu ligar a sua cama articulada equipada com um colchão anti-escaras de pressão alternada com compressor. “Outros vizinhos disponibilizaram “sacos de gelo que permitiu manter em boas condições os medicamentos”.
Luís Almeida tem problemas graves de saúde e depende também de uma cadeira de rodas elétrica para se descolar, mesmo dentro de casa. Sem luz ficou prisioneiro na sua própria habitação.
“Nunca pensei passar por isto e até parecia que viva num outro mundo. Não me conformo”, desabafa o morador, destacando o profissionalismo dos técnicos de saúde, “sempre presentes” na prestação dos cuidados de saúde diários que precisa, “utilizando a luz dos seus próprios telemóveis. Parecia que estava no terceiro mundo”, desabafa com tristeza e preocupação, Luís Almeida: “Gosto muito de viver numa aldeia, mas somos muito esquecidos”, lamenta.
Apesar das reclamações e dos inúmeros pedidos de esclarecimento, só na manhã desta segunda-feira, 25 de março, se fez luz, com a E-Redes a restabelecer “finalmente” o fornecimento da energia eléctrica às habitações da Rua dos Combatentes e da Rua 5 de Outubro.
“Bastaram 30 minutos”, alguém disse. Mesmo assim foram muitos os moradores que fizeram questão de estarem presentes à passagem da reportagem do Correio de Sintra, para manifestar o seu “protesto e preocupação” pelos prejuízos causados, sobretudo com o descongelamento dos frigoríficos. “Não me lembro disto ter acontecido alguma vez”, era uma das frases ouvida, bem como a “falta de informação e de apoio”, quer da autarquia e da Junta de Freguesia. “Ninguém cá apareceu”, lamentaram com alguma indignação os moradores daquele local.
Recorde-se, no passado sábado a E-Redes deu conta que menos de mil clientes estavam ainda sem energia eléctrica devido aos efeitos do mau tempo, adiantando que esses seriam os casos de "mais difícil acesso".
"Trata-se de casos de baixa tensão, de mais difícil acesso e que requerem maiores recursos de maquinaria", pode ler-se, na mais recente nota divulgada pela empresa. Por outro lado a E-Redes sublinhou que, devido à "complexidade da situação e da manutenção das condições climatéricas" não é possível à distribuidora "adiantar uma hora exata para a reposição integral. Mas a expectativa é de que se consiga resolver tudo com a máxima brevidade".