• Sexta-feira, 10 Outubro 2025

Doenças digestivas: exames de diagnóstico precoce salvam vidas


As doenças digestivas afetam um em cada três portugueses. Para evitar complicações para a saúde, é fundamental a aposta na prevenção, mas também na deteção precoce, como explica a equipa de Gastrenterologia do Hospital CUF Sintra.

Os números são alarmantes e têm motivado uma crescente consciencialização da população, em particular dos mais jovens, para a importância dos rastreios das doenças digestivas e dos hábitos de vida saudáveis. É uma mudança positiva mas, “ainda assim, as estatísticas mostram que as doenças do foro digestivo continuam a ter um peso significativo na nossa população”, explica Cristina Chagas, Coordenadora de Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra.

Estima-se que em Portugal surjam cerca de 10 mil novos casos de cancro colorretal por ano. É a segunda causa de mortalidade por cancro no país, provocando cerca 4 mil mortes anuais. Já o cancro do estômago regista cerca de 3 mil novos diagnósticos anuais. Os casos de cancro do pâncreas, por sua vez, têm aumentado entre os mais jovens.

Embora sejam as patologias malignas que causam maior alarme, há outras doenças que podem afetar o sistema digestivo e ter um grave impacto na qualidade de vida, e não devem ser descuradas.

Segundo Ana Cristina Lino Sousa, gastrenterologista no Hospital CUF Sintra, “também são frequentes a doença do refluxo gastroesofágico - que afeta entre 10 a 15% dos portugueses, provocando sintomas como azia e regurgitação persistentes -, a síndrome do intestino irritável, as doenças da vesícula e o fígado gordo. A doença inflamatória do intestino, nomeadamente a doença de Crohn e a colite ulcerosa, também têm vindo a registar um aumento de casos nos últimos anos, provavelmente devido às transformações nos hábitos alimentares e no estilo de vida dos portugueses”.

A mensagem-chave é clara: o diagnóstico precoce pode salvar vidas. “Exames endoscópicos, como a colonoscopia, que não só permite detetar como remover lesões e pólipos potencialmente malignos, e a endoscopia digestiva alta, que avalia o esófago, o estômago e o duodeno, são cruciais para a identificação de lesões precursoras do cancro.

A possibilidade de as tratar, durante a realização destes exames, permite evitar cirurgias e aumentar as taxas de sobrevivência.”, clarifica a especialista em Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra, Ana Craciun. A médica deixa o alerta: “Em pessoas sem sintomas, a vigilância regular, a partir dos 50 anos - ou mais cedo, em casos de história familiar ou risco clínico de cancro digestivo -, através da realização de exames endoscópicos de deteção precoce, é fundamental.”

Não ignore os sinais de alerta:

“Perante sinais de alerta como sangue nas fezes, dor abdominal persistente, perda de peso sem explicação, anemia, dificuldade em engolir, vómitos recorrentes e alterações acentuadas do trânsito intestinal (diarreia ou obstipação), não hesite em procurar ajuda médica.”

Ana Craciun, gastrenterologista no Hospital CUF Sintra

As doenças crónicas do fígado também levantam preocupações entre os especialistas da CUF, devido aos hábitos de consumo de álcool dos portugueses e à síndrome metabólica, nomeadamente o excesso de peso e a obesidade, que atingem mais de metade da população adulta do país. “Portugal permanece entre os países europeus com níveis de consumo de álcool mais elevados, superiores a 10 litros de álcool puro por pessoa, por ano, o que favorece a progressão das doenças do fígado para fibrose avançada, cirrose ou, até mesmo, cancro do fígado”, explica Ana Craciun.

Nestes doentes, a deteção precoce também é fundamental. “A elastografia hepática é um exame não invasivo que avalia a rigidez do fígado, tornando possível diagnosticar a fibrose numa fase inicial, quando ainda é possível travar a sua progressão, através da cessação alcoólica e da perda de peso”, acrescenta a gastrenterologista.

Para responder às necessidades das pessoas com doenças digestivas, Cristina Chagas, Coordenadora de Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra, explica que “o Hospital CUF Sintra aposta numa abordagem multidisciplinar, com profissionais experientes e diferenciados. Envolve a Gastrenterologia, Cirurgia Geral, Medicina Interna, Anestesiologia, Nutrição e uma equipa de Enfermagem especializada, e é suportada por uma Unidade de Cuidados Intermédios, que permite tratar os casos mais complexos, que implicam tratamento cirúrgico e internamento”.

O objetivo é “garantir uma resposta integrada, rápida e segura aos doentes, desde a fase de diagnóstico até depois do tratamento, com o apoio de equipamentos tecnológicos de última geração”, sublinha a médica.

Com a possibilidade de intervenções minimamente invasivas e o acesso a cuidados de saúde diferenciados, como acontece na CUF, a deteção e o tratamento precoces podem efetivamente salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de toda a população.

“Manter a saúde digestiva em níveis ótimos passa por três grandes pilares: a adoção de estilos de vida saudáveis (através do combate à obesidade, da alimentação equilibrada, da prática regular de exercício físico e da evicção do álcool e do tabaco), a atenção aos sinais de alarme e a realização de todos os exames de diagnóstico e consultas de rotina recomendados”.

Ana Cristina Lino Sousa, gastrenterologista no Hospital CUF Sintra

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