Dos vários problemas de saúde que podem surgir ao longo da vida, são os problemas urológicos aqueles que mais obrigam os homens a recorrer a cuidados médicos, nomeadamente a um urologista. Ao Correio de Sintra e ao Sintra Notícias, neste que é o Mês de Sensibilização para a Saúde do Homem, Sandro Gaspar, urologista no Hospital CUF Sintra, alerta para as doenças da próstata mais comuns.
Quais são as principais doenças da próstata?
Entre as doenças da próstata mais comuns temos a inflamação da próstata (prostatite), a obstrução da uretra devido ao aumento da próstata (Hiperplasia Benigna da Próstata) e o cancro da próstata.
Que sinais de alerta devem motivar uma ida ao médico?
Os sintomas da prostatite aguda podem incluir: febre, calafrios, sintomas semelhantes aos da gripe, como cansaço, dores musculares, dor ao urinar, dor na região da virilha ou dos genitais, urina com cheiro intenso e turva. Já a prostatite crónica pode ser assintomática e tem uma duração mais arrastada. Quando causa sintomas, inclui-se a dor ao urinar, sensação de urgência urinária e de urinar com mais frequência que o normal, dor na região da virilha e febre. Estes sinais devem servir de alerta para procurar um urologista.
No caso da Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) - uma doença causada pelo crescimento do tecido prostático (induzido por diferentes fatores, mas principalmente pela testosterona, a “hormona masculina”), os sintomas mais comuns são um jato urinário fraco e intermitente, dificuldade em iniciar a micção, sensação de que a bexiga não esvazia por completo e necessidade de urinar mais vezes, incluindo durante a noite.
É mais comum surgir com o avançar da idade?
Embora a HBP seja considerada uma parte normal do processo de envelhecimento, muitas vezes prejudica significativamente a qualidade de vida e, por isso mesmo, requer tratamento. Está presente em até 60% dos homens na faixa dos 60 anos e em 90% dos homens com mais de 70 anos. A HBP e os sintomas urinários associados são diagnosticados através de uma discussão entre o médico e o doente em que os principais sintomas são identificados e onde é realizado o exame objetivo, incluindo toque retal, a ecografia prostática e a urofluxometria.
Que avanços destaca no tratamento da Hiperplasia Benigna da Próstata?
Promover técnicas que sejam, simultaneamente, inovadoras, eficazes e pouco invasivas, é uma mais valia na preservação da saúde dos doentes. De entre as escolhas possíveis, a técnica Rezum é, atualmente, uma das mais promissoras e relevantes. Trata-se de uma cirurgia relativamente recente em Portugal (foi descrita nos Estados Unidos apenas em 2015) e o Hospital CUF Sintra foi um dos centros pioneiros na sua realização.
O tratamento consiste na destruição da parte da próstata que sofreu um aumento e que causa os sintomas. Através de um gerador de radiofrequência, uma quantidade controlada de água é convertida em vapor, resultando em energia térmica. Depois, com a ajuda de um dispositivo introduzido na uretra, essa energia é distribuída em doses controladas e direcionadas para as membranas das células do tecido em excesso - desencadeando a sua eliminação.
Já o cancro da próstata, diz-se que é tão perigoso quanto silencioso. Daí a necessidade dos homens fazerem exames de rotina regulares?
Os dados são alarmantes: Em 2020, estima-se que 1,4 milhões de homens tenham sido diagnosticados com cancro da próstata e 375 mil tenham morrido desta doença. O cancro da próstata é o cancro mais comum nos homens e o risco de o desenvolver aumenta com a idade, sendo que a probabilidade de um homem ter cancro da próstata ao longo da vida é de cerca de 1 em 9.
Se for detetado precocemente, pode ser tratado com sucesso, e como é uma doença que não dá sintomas são os exames de rotina que permitem fazer o diagnóstico. Quando o doente começa com sintomas associados ao cancro da próstata, as opções de tratamento podem já ser muito limitadas, pois é um sinal de doença disseminada.
As consultas de rotina são importantes para a vigilância, porque o cancro da próstata pode ser detetado através de um exame ao sangue chamado PSA (antigénio específico da próstata) que é uma proteína produzida pela próstata. Não está bem definido exatamente qual o papel que o PSA desempenha no corpo, mas sabe-se que seus níveis podem estar elevados em homens com cancro de próstata.
(...) "Promover técnicas que sejam, simultaneamente, inovadoras, eficazes e pouco invasivas, é uma mais valia na preservação da Saúde dos doentes" -- Sandro Gaspar, Urologistas CUFComeçou por sentir dificuldade em urinar: “o jato não era forte e levantava-me imensas vezes para ir à casa de banho durante a noite”, partilha Pedro Abreu, recordado os sinais que o levaram a procurar o urologista. “Sou uma pessoa extremamente atenta à saúde. Logo que surgem alterações no meu corpo procuro um médico diferenciado para me esclarecer e, por isso, perante estas alterações não hesitei”, revela Pedro Abreu, acrescentando que “ estava preocupado, acho que é inevitável não o ficar quando falamos de saúde dos órgãos masculinos”.
Ao consultar o urologista, Sandro Gaspar, “rapidamente fiquei esclarecido sobre o diagnóstico de hiperplasia benigna da próstata e sobre as opções de tratamento. Explicou-me tudo ao detalhe. E, perante as vantagens da Rezum em relação à cirurgia tradicional, optei por esta sugestão”, recorda Pedro Abreu. O tratamento é menos invasivo, feito em ambulatório e a recuperação mais rápida do que a cirurgia tradicional. Outra mais valia é a inexistência de disfunção sexual após este procedimento, beneficiando a qualidade de vida do doente.
“Recomendo esta técnica, sem internamento”, diz Pedro Abreu. “Fui operado no Hospital CUF Sintra e correu tudo muito bem e senti-me sempre acompanhado. Acordei com o problema resolvido”.